terça-feira, 19 de maio de 2009

ENCERRADO PARA OBRAS

Obrigada pelo o apoio

terça-feira, 12 de maio de 2009

NÂO POSSO ADIAR O AMOR

Não posso adiar o amor para outro século
não posso
Ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas.

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio.

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor nem o meu grito de libertação.

Não posso adiar o coração


António Ramos Rosa
Viagem através de uma nebulosa
(1960)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

CHORA CORAÇÃO , GRITA!

No passado dia 1 de Maio ,Dalari Darabi,uma linda jovem Iraquiana de 23 anos, foi enforcada. Era pintora e amava a vida.Até ao último momento esperou uma salvação que não veio. Foram grandes as pressões internacionais para que não fosse executada e,por isso, quando menos se esperavafoi morta à revelia do seu advogado que instruia o processo com novas provas para a ilibar.
A manhã de sexta feira ficou marcada pelo grito desesperado de Delara numa chamada telefónica para os seus pais a partir da sua cela.
O correspondente da BBC em Teerão afirma que a jovem terá dito: Mãe eles vão me executar .E na dor suprema de uma mãe que ouve este apelo sem nada poder fazer o carcereiro terá tomado o telefone das mãos de Delara. Vamos executar a sua filha e nada poderá fazer.
E assim num ápice se apagaram todos os sonhos de Delara, todas as suas pinturas e o seu gosto pela arte.Momentos depois seria um despojo de um cadafaso que permite legalmente tirar a vida.
Delara Darabi tinha 17 anos quando foi presa acusada de ter matado com uma punhalada a prima de 58 de idade . Ela também respondeu por furto e por manter um relacionamento sexual com o namorado Amir Hossain de 19 anos de idade. No Irão sexo só depois do casamento e a adúltera recebe pena de 3 anos de cadeia mais 50 chicotadas em público pelo furto e mais 20 chicotadas pelas relações amorosas. Porém o enforcamento viria como punição por ter sida considerada autora da punhalada, com intensão de matar.
Delara negou ser a autora do crime mas o que vale a palavra de Delara num País onde os Direitos Humanos são letra morta e que desde 1990 executou42 pessoas que haviam cometido crimes antes dos 18 anos em desacordo com as leis internacionais?
Não é pois de estranhar que após a Justiça Iraniana ter concedido uma suspensão da execução
por dois meses, as autoridades prisionais ignoraram a ordem e a execução sem aviso prévio do seu advogado.
Um advogado que dizia ter em seu poder resultados periciais que ilibavam Delara .
É que tanto o advogado como as organizações internacionais dos direitos humanos garantem ter sido provado por laudo perecial ,oficial e único que Delara Darabi é inocente . Os peritos afirmam que o golpe de punhal só poderia ser desferido por uma pessoa dextra e Delara era canhota.
O caso de Delara Derabi gerou grande atençãointernacional após as pinturas e desenhos dramáticos,criadas por ela na sua cela terem sido divulgados por todo o mundo.
A Amistia Internacional está escandalizada com a execução de Delara Darabi particularmente por o seu advogada não ter sido informado e por a jovem não ter tido sequer julgamento justo.
Junto o meu grito ao da Aministia e ao de todos aqueles que se insurgem contra a pena de morte não só pelo principio em si como pelo facto irreversivel perante um erro .
Delara Darabi tinha apenas 23 anos e provavelmente, estaria inocente do crime pela qual a executaram.Todos nós morremos um pouco com Delara Darabi porque continuamos vivos e somos culpados por não nos calarmos quem tem essas leis.
Lídia Soares
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RU2X- SIDADANIA
comentário

É sempre chocante depararmo-nos com noticias de execuções aberrantes e barbaras como esta de Delara. O especialistas em dar noticias munem-se de pormenores que têm o efeito fermento em fazer crescser a nossa revolta como é o caso queela fez para a mãe realçando a crueldade do carcereiro que lhe tira o telefone das mãos para dar mais um golpe na pobre mãe.
Convém não nos calarmos para que não acontecam mais Delaras:Convém não nos esquecermos das Delaras do passado recente entre as quais me salta à memória a Angel.
Convém não nos esquecermos das Delaras, queimadas na fogueira pela Santa Inquisição,que só não acontecem actualmente pois vivemos numa parte do mundo que evoluiu em termos de respeito pelos direitos dos homens e pelo respeito à vida .Até que ponto somos manipulados e usados para desenvolvermos ódios aos muçulmanos que justificam guerras e invasões rotuladas de libertação de povos , mas cujo o conteudo real se chama "ouro negro" e é essencial para aquilo que chamamos desenvolvimento e progresso.
Até que ponto os culpados da morte de Delara somos nós que provocámos nos executores a necessidade de afirmação com, a mensagem que nos transmitem "Aqui mandamos nós".
É bom sermos cruzadas na luta contra a pena de morte , pelos castigos barbaros como chicoteadas, pela mutilação genital femenina, pela garantia pelos direitos humanos.
è bom no entanto saber até que ponto somos manipulados sem nos apercebemos disso para
intenções dissimuladas que vissem guerras que iremos aceitar e que irão causar milhares de vitimas inocentes.
Olhando um pouco para o nosso umbigo e para o mundo que dizemos civilizado o que vemos?
Uma senhora grávida que não obedece à ordem da paragem da policia quando pára e sai do carro sendo abatida a tiro nos EUA. Crianças sem lar serem abatidas em massacres horriveis no Brasil.
Dissidentes políticos abatidos com um tiro na nuca na China, já para não falarmos no Tibete. Muito mais poderia dizer. Desculpem-me os leitores a minha aparente insensibilidade ao caso Delara , que amanhã à semelhança de outros casos fará parte dos arquivos históricos.A minha guerra é pelos direitos humanos pela mudança de mentalidades e por um mundo melhor.Uma guerra sem tréguas por todos os dias da minha vida, em cada dia travo uma nova batalha sendo que umas perco,mas outras ganho.
A batalha pela vida de Delara está perdida no entanto mesmo sabendo-o não podemos bater em retirada e continuaremos a nossa luta na esperança de que novas Delaras no entanto não aconteçam.
Raul Rudoisxis

Estes dois textos foram reproduzidos na íntegra do "Silêncio Culpado" com autorização dos autores. OBG.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A FLOR

Pede-se a uma criança que :Desenhe uma flor! Dá-se-lhe papel e lápis
A criança vai sentar-se no outro lado da sala onde não há mais ninguém.
passado um tempo o papel está cheio de linhas.Umas numa direcção outras noutras,umas mais carregadas,outras mais leves,umas mais fáceis ,outras mais custosas.A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase não resistiu.
Outras tão delicadas que apenas o peso do lápis já era demais.
Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas :uma flor!
As pessoas não acham parecidas essas linhas com uma flor,
Contudo a palavra flor andou por dentro da criança da cabeça para o coração e do coração para a cabeça à procura das linhas com que se faz uma flor, e a criança pôs no papel algumas dessas linhas ou todas. Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares ,mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor!

Almada Negreiros
A invenção do dia claro